Não é só sobre inocência: É sobre fatos, dignidade, devido processo legal e segurança pública
Desde o dia 22 de junho de 2022, exatos 356 dias, 05 Policiais Civis do Estado do Tocantins foram presos sob suspeita de fazerem parte de um grupo de extermínio que, segundo a investigação, teria matado cerca de “duas dezenas” de pessoas, sendo tais alvos ex-presidiários e investigados por tráfico de drogas. Quase um ano após as prisões e a execração pública e covarde, nenhuma prova, audiências vazias de efetividade e muitas humilhações aos detidos e seus familiares, o caso que parece não ter fim, dá pistas de carregar consigo muito mais do que o devido processo legal.
A única coisa concreta neste período é que a criminalidade e a violência, principalmente no que se refere aos crimes contra a vida, cresceram vertiginosamente em Palmas – aumentando quase 200% após a prisão dos policiais, que combatiam o crime na Divisão Especializada de Repressão a Narcóticos - DENARC. Não precisa ser um gênio para compreender duas coisas importantíssimas e perceber que há algo errado. A primeira coisa é que se um grupo de extermínio teve seus componentes presos, o natural seria ocorrer uma redução significativa no número de mortes, afinal de contas, foram presos os “culpados”. Mas ocorre justamente o contrário: as mortes aumentaram quase que em 200%. Então, essa constatação fática e estatística nos leva à segunda coisa, e talvez tão óbvia quanto a primeira ou, no mínimo, complementar – a qual seria que, a prisão de bons policiais, que tiravam diuturnamente criminosos e drogas das ruas de Palmas, repercutiu como um prêmio para a malandragem que, entusiasmada, age de forma ainda mais audaciosa e violenta.
A presunção de inocência, a carência de provas, os fatos - tanto pretéritos quanto os atuais – cada um destes está sendo desprezado por um desejo de perseguir voraz e desmedido, que está a “vilanizar” bons policiais e contribuindo com o avanço da criminalidade na capital do Tocantins e torturando covardemente seus familiares.
No Brasil, especialmente em Estados fora do eixo Rio/São Paulo e que estão vivenciando um assustador e recente período de expansão de facções criminosas, oriundas em sua ampla maioria do referido eixo, a morte é a tônica da luta por território. Em todos os históricos deste intimidador movimento pelo poder, membros destas facções passam a matar uns aos outros para consolidar sua força e ampliar sua influência. Repito: membros de facções criminosas se exterminam, uns aos outros, cabendo à polícia e seus profissionais resistirem, aplicando sempre a lei e em uma vexatória desvantagem numérica e de recursos. A luta não é equilibrada! Sofre a população, sofrem os policiais e seus familiares e a guerra por poder entre bandidos é a nota que rege esse aterrorizante clima de violência e medo nas cidades brasileiras. Palmas tem passado por este apavorante estado de caos e bons policiais que se dedicavam a combater esse mal, jazem presos e vilipendiados em sua dignidade.
O julgamento e execração pública ocorrida contra A. Júnior, Carlinhos, Antonio Mendes, Callebe e Giomari (sim, eles possuem nomes e, por vezes, são chamados também de filho, papai, amor, querido, etc), segue adiante e sem fundamentos. Não há justificativa para se manter essas prisões quando o próprio delegado que investiga o caso afirma não ter provas que os condenem. Tudo circunstancial, frágil, beirando o irresponsável, talvez amador, mas incontestavelmente covarde e perseguidor. Esses homens possuem o solene direito de aguardarem em liberdade por seu julgamento. Julgamento este que trará luz aos fatos ou, mais precisamente, trará luz à falta de evidências e qualquer motivo que justifique a condenação destes valorosos policiais.
A Operação que prendeu os referidos policiais, denominada Caninana, ao contrário da serpente que possui tal denominação, traz consigo enorme quantidade de peçonha que, com requintes de crueldade, tem maltratado e humilhado covardemente 05 honrados policiais e seus familiares. A serpente Caninana tem a fama de bastante rápida e ágil... A operação Caninana se demonstrou perseguidora e atabalhoada. Mas no que tange à justiça de nosso Estado, o que os Policiais Civis do Tocantins, os homens presos e seus familiares e, especialmente, a sociedade tocantinense espera, é que o devido processo legal seja cumprido. Que pessoas não fiquem presas sem provas e sem julgamento, e que o combate ao crime tenha êxito, preferencialmente com o retorno de 05 dos melhores combatentes, ainda presos, mas em breve, com fé em Deus e em nossa luta, livres para retomarem suas vidas, abraçarem suas famílias e trabalhando para colocarem os verdadeiros criminosos do Tocantins atrás das grades.